Visitas da Dy

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Quem Ama Cuida



“Quem ama cuida.” Já cansei de ouvir essa frase, mas nunca tinha dado a devida atenção a ela. Que riqueza podemos encontrar em tão poucas palavras… quantas ações maravilhosas já aconteceram entre eu e outra pessoa só porque essa frase expressa uma verdade linda!
Só fui refletir sobre a importância do famoso dito popular ontem à noite.
Não raro me despeço de meus amigos dizendo “se cuida”, mas depois de ontem mudei. Passarei a dizer ”te cuido”.
Explico: parei pra pensar em quantas pessoas conseguem me fazer sair de casa, do convívio com meus livros e músicas e preguiça e ir até elas porque precisam de um colo, de um cuidado, um carinho.
Comecei pensando às avessas: quantas pessoas já largaram alguma coisa e vieram cuidar de mim? Quantas se deram ao trabalho de me ligar ou me escrever pra saber como eu estava? É… acho que tenho poucos amigos de verdade… talvez não encham os dedos das mãos… mas esse pouco que tenho já me é suficiente para eu me sentir cuidada, segura, envolvida em carinho.
A partir daí pensei em quantas vezes ou para quantas pessoas eu me desprendi para ajudar ou me disponho a ir ao encontro dessas pessoas para dar um pouquinho de atenção. Não foi surpresa alguma que também não cheguei a encher os dedos das mãos, mas é que são poucas pessoas muito amadas!
Ontem pensei nisso porque recebi um pedido de socorro: uma amiga precisava de colo. Prontamente atravessei a cidade o mais rápido que pude e passei uma tarde inteira com ela, ouvindo, falando besteirinhas, planejando, lembrando, abstraindo, cuidando.
Sobre a palavra cuidado, do latim, nos remetemos a cura nas relações humanas, da amizade, do amor. Amor que está intimamente relacionado com os amigos, afinal, em sua raiz original, também do latim, “amicus” contém em si o verbo “amar”, logo, amigo é aquele a quem amamos!
Faz todo sentido que quem ama, cuide e cuide bem!
Fui lá cuidar da minha amiga, da minha flor de Saigon.
Foi bom pra mim reve-la, tentar acalmar um coração que já ajudei a ajuntar os pedacinhos em uma outra ocasião, com quem divido momentos felizes e tristes, risos e lágrimas, foi bom ter conseguido ganhar um sorisso e ter dado um abraço gostoso e apertado.
Mais do que isso foi bom eu ter ido lá pra que ela saiba que sempre que chamar eu vou estar por perto, porque isso é bom pra gente se sentir amado, se sentir importante e saber que as pessoas sentem nossa falta, se entristecem com nossos porblemas, mas que tentam nos ajudar, como podem, a supera-los.
Para aqueles que conseguiram me tirar de casa em vários momentos pra ganhar um colo, que já me fizeram atravessar a cidade, a Guanabara ou até mudar de estado só pra dar um abraço e um carinho, saibam que são muito amados.
Para aqueles que já me deram colo, que já me cuidaram quando eu precisei, obrigada por me fazerem me sentir amada!
Queridos amigos, não se preocupem, desde sempre eu cuido de vocês.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Autorretrato




(Sempre achei lindo os pintores que faziam seus autorretratos. Era quando eu via essas obras de Van Gogh ou de Tarsila do Amaral que eu entendia como as obras de arte conseguiam mexer com todos os nossos sentidos e nos mostrar poesia... algum tempo depois deparei-me com o “Auto-retrato” de Mário Quintana, que me encantou mais ainda e me fez desejar um dia ser capaz de escrever algo que me definisse por mim mesma. Algo do tipo “Quem é você?” e, então, com palavras soltas fiz o meu próprio autorretrato.)





Eu... por eu mesma

Sou menina sapeca,

“levada da breca”...

Timidez em pessoa

Despistada em alegria.

Olhos bem vivos

Risada espontânea

Palmas pra vida!

Pulinhos de felicidade!

Vermelha de vergonha, olho por chão.

Sem graça, passo a mão na nuca

Ansiosa, já não durmo

Nervosa, me agito.

Quieta só quando entregue ao sono

Silêncio só quando distraída.

Músicas?

Trilha sonora pra vida!

Poesias?

Embalam todos os meus dias!

Notívaga,

Sou fã da lua...

Pelo brilho das estrelas meus olhos parecem os de uma coruja.

As palavras são sempre lançadas

Da boca que não tem travas.

Os braços sempre buscam abraços

Os beijos sempre querem ser dados,

Mas esperam pacientes, o seu destinatário.

Ganha-me o coração

Quem enxergar minha alma.

Decifrar os meus segredos

É enigma de esfinge.

Dou um doce pra quem acertar

Uma palavra que me define.

Entre pedras e flores,

Amores.

Entre cabeça e chapéu,

Dúvidas que vão até o céu.

Do desvario sou salva

Com a caneta e o papel.

No fundo tenho um coração que arde

Se iludindo na busca da verdade...




*** Em tempo: o senhor Google me disse que de acordo com a  nova ortografia a palavra autorretrato passa a ser grafada sem o hífen e com o “r” dobrado. Sim, acho feio de doer, mas fazer o quê?***

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Esses Braços


Quando vier me pedir conselhos, saiba que eu os darei. Separarei os melhores que tenho. Os que são mais sinceros. E, por mais que meu peito possa doer eu lhe direi, olhando nos olhos, para ir em frente.

Irei lhe presentear com meus sentimentos verdadeiros, porque é assim que tem que ser com quem amamos.

E se quiser saber se fica bem de azul ou verde ou preto, vou rir e dizer que as cores é que ficam bem em você e não o contrário. Vou dizer pra usar azul ou verde ou preto, mas que prefiro lilás. E depois vou dar uma risada bem boba, dessas que eu gosto de dar jogando a cabeça pra trás e batendo palmas, achando graça em coisas simples.

Quando estiver na dúvida se tem amigos de verdade ou se alguém é ou não seu amigo, o que lhe direi é que não conheço o resto do mundo, mas que a minha amizade é sincera e vou oferecer meu sorriso como complemento da resposta.

Se me procurar quando estiver sem rumo vou te levar pra caminhar na praia, na praça, no por-do-sol, para que tenha alívio, para que saiba que andar por aí sem planos não é de todo ruim: nos permite ver as belezas do mundo e isso acalma a alma.

Quando precisar se sentir seguro vou te levar pra casa, trancar as janelas e portas e esconder a chave ou nada disso! Vou só dar um abraço, porque às vezes nele terá mais cuidado que em mil portas trancadas.

Pode ser que o mundo pareça um quintal, que saia por ele brincando de desbrava-lo, que caminhe para lugares inimagináveis e belos, que busque a felicidade com todas as suas forças, por todos os mundos que não sabemos que existem. Pode ser que a encontre e que me dê um pouquinho! Pode ser que não a encontre lá longe, que volte, achando que ela está bem aqui onde deixou, no final do corredor, embaixo da escada, dentro do guarda-roupas bagunçado, numa caixinha ou dentro de um envelope... essas coisas sempre passam pelos nossos olhos e não nos damos conta...

Às vezes vai ver que nenhum santo ou mantra ou penitência é capaz de curar os nossos próprios problemas, quiçá os do mundo. Vai entender que a solução para nossos problemas somos nós mesmo: nossas posturas, atitudes, ações.

Longe de casa pode parecer tudo mais frio, mais escuro ou mais claro e mais cheio de vida. Só vai saber se enfrentar. E se me perguntar o que acho que deve fazer, por mais dolorido que seja vou dizer para você ir: porque a busca por si só já é bela e já é parte da resposta.

Se for ficar por lá, que se lembre de mim em uma prece, em uma canção, em uma foto e que me avise. Fico extremamente feliz quando sou lembrada.

Se for voltar para casa, venha correndo, porque aqui tem uns braços que, talvez só nasceram pra te abraçar...

Cantora de Bar



Eu sempre quis ser

Uma cantora de bar

Dessas que se arrumam com uma flor no cabelo

Um batom vermelho

E na voz um blues...

Eu sempre quis cantar

 pra te conquistar

Pra te causar arrepios nessa pele

Pra sussurrar meus segredos

Mais ardentes

Em seu ouvido

E te ver tremer...

Mas no seu palco eu não tenho plateia

Eu não tenho atenção

É que você não aprendeu

A ouvir minha canção....

Eu sempre quis ser

Uma cantora de bar

Dessas que se arrumam com uma flor no cabelo

Um batom vermelho

E na voz um blues...

Eu sempre quis cantar

Meio leve, assim meio sem jeito

Brincar de não ser eu

Ser uma diva no palco

E arrasar com um jazz

Só que  minha voz não dá samba

Então eu fico aqui com o rock’n’roll

(o que eu sempre quis ser!)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Ver Navios


Segunda-feira. Bah... detesto segundas-feiras. Isso nem é novidade. Todo mundo tem um dia da semana ou do mês ou do ano que não gosta. Eu tenho vários: são TODAS as segundas-feiras, que bem poderiam se chamar segundas-feias.

Estou em Campinas, tive um final de semana agitado e uma bela insônia na virada do domingo para a segunda. Maravilha! Dormir três horas na noite é tudo que eu preciso pra virar um... zoombie. Com muita sorte viro um simpático panda.

Às sete da manhã – quê????? – eu estava de pé, trocar de roupa, maquiagem, café, bolsa, celular, fones de ouvidos, ônibus, UNICAMP, congresso e no meio da tarde FEBRE!

Parei por um momento e quis logo ir pra casa. Não para a casa que estou hospedada, que aliás, merece aqui toda sorte de elogios, mas para a minha casa mesmo. Não para a do Rio... a de Juiz de Fora. Aquela que tem minha mãe e meu filho!

Distâncias à parte fui para a casa da minha amiga mesmo. Me joguei no sofá com as luzes apagadas, casa vazia, bolsa no chão, cabeça rodando. Parei pra pensar em quem poderia cuidar de mim.

Sabe quando você faz uma listinha de pessoas que gosta e começa a pensar se essa pessoa se disporia a cuidar de você, pois é, fiz isso.

Em poucos minutos a conclusão: ninguém vai cuidar de mim! É que chega uma hora que a gente cresce. Vira gente grande e aí a sua mãe vai te dar só um pouquinho de colo, porque ela tem outros afazeres e você também. Eu tenho um monte de coisas pra fazer e não posso ficar aqui curtindo a minha febrinha – que ainda não tem um motivo evidente – só porque é segunda e eu não gosto desse dia. Não posso querer que o mundo pare por mim. Que alguém pare pro mim.

Tá bom, vai... arrumei aí alguns candidatos a meus cuidadores. O drama não é pra tanto, mas uma coisa fique clara: não é porque ficamos doentes ou tristes ou alegres ou indecisos ou sei lá o quê que nossos amigos, amores, familiares vão descer de seus mundinhos por nós. Eles podem nos dar carona, segurar na mão, diminuir a velocidade, mas parar, nunca!

O que eu demorei a entender é que estar longe não significa “não estar”. Não correr até você, não significa que não se importa. Não parar, não é falta de carinho. É tudo ao contrário. É estímulo pra eu levantar da comodidade e recomeçar a correr atrás da vida, se não ela passa e eu, ah, eu fico a ver navios.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sobre voar: a tecnologia




Imersa nas emoções que o primeiro vôo de avião me causou pensei muito na tecnologia e em como ela ajudou os homens a ganhar os céus, imensidão de azul, salpicada de branco e, antes, destinada apenas aos seres alados.

Ao entrar na “máquina voadora” tremi. E fiquei assim por um bom tempo. Sempre disse que meu medo de avião era pelo fato de EU não saber voar. Por mais seguro que possa parecer, que as estatísticas afirmem eu não imaginava a possibilidade de voar e a adiava ao máximo, mas dessa vez não tive escolha.

Enquanto olha pela janela veio-me à mente a questão que tomava conta do imaginário dos homens desde os primórdios: o sonho de voar.

Rapidamente refiz um trajeto que foi ter suas raízes com alguns mitos e lendas que conheço.

O grande sonho de Ícaro, lenda grega, era voar perto do sol. O jovem desobedecendo seu pai, Dédalo, voou próximo ao sol, teve a cera que estruturava suas asas derretida e caiu no mar Egeu.

Bem mais tarde, em meados do século XV, Leonardo da Vinci desenhou máquinas de voar que levariam o homem aos céus. No século XIX apareceram os balões bem leves e o desafio por máquinas que fossem mais pesadas que o ar não era ultrapassado, até que alguns inventores conseguiram voar em suas engenhocas. Ainda não temos um acordo sobre quem foi mesmo o “pai da aviação”, se  Santos Dumont, os irmãos estadunidenses Wright ou o francês Ader, mas o fato é que no século XX o homem conseguiu o que queria. Chegou até o azul.

Usando suas asas mecânicas, seus recursos especializados, cálculos e mais cálculos, conseguimos um meio de transporte rápido e que nos levasse para mais perto do lugar pelo qual sempre tivemos fascínio.

Particularmente o céu me encanta. Seu azul leve, constante, as nuvens que passam como quem desfilam diante de nossos olhos empurradas pelo vento, os raios do sol que, teimosos, furam as nuvens só pelo prazer de dourar nossas terras, as estrelas, a lua, a imensidão.

Na me canso de olhar para o céu e vejo o quanto chegar o mais perto dele possível era importante para o homem: o desejo foi responsável por séculos de estudos e ainda o é, porque nunca se consegue encontrar seus limites.

Talvez seja porque não há limites.

Talvez seja porque o céu é o lugar propício para as nossas idéias e por isso é tão grande: para que possamos crescer cada vez mais.

Já conseguimos voar. Já estamos mais perto desse azul encantado, mas não soubemos só aproveitar as vantagens, ver as paisagens e refletir sobre nosso lugar no mundo, sobre o solo no qual pisamos. Fomos além disso. Fomos além da beleza. Fomos capazes de usar algo que nos mostrava o lado mais belo, que não podíamos imaginar e nem ver de nossa perspectiva terrestre e limita em armas de destruição.

Mas essas são reflexões de outro post...

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Fim de Caso



Em tempos de lhe ver as horas passavam devagar.

Eu me alegrava sempre muito antes do tempo...

É que só de pensar em lhe ver, os olhos brilhavam.

E quando chegava era festa em casa!



Em tempos de lhe ter longe as horas parecem se arrastar

Por mais que eu tentasse não encontrava um passatempo.

E fechava os olhos imaginando por onde seus pés andavam...

Enquanto isso a saudade me arrasa.



Em tempos de não te ver nunca mais

Não tenho alegrias, não tem carnaval...

Os olhos não brilham, o tempo parou.



Em  tempo de só lhe ter na lembrança, sou só ais

Suspiros melancólicos, lágrimas de cristal.

Coração despedaçado pelo amor que acabou.

Pessoas Interessantes


 

Peguei-me a pensar essa semana enquanto caminhava pelas ruas nas várias pessoas que conheço, claro, depois de observar uma cena: uma dupla de amigos dizia que hoje em dias tem sido cada vez difícil encontrar pessoas com as quais eles passariam boa parte do tempo sem se entediar.

E não é que é verdade?!

Tenho uma pequena lista de pessoas com as quais eu sento pra tomar um café e a tarde e a noite voam... ou ainda que me pegam de papo e viramos a “madruga” sem sequer perceber.

Tem sido cada dia mais difícil encontrar alguém que seja cheio de conteúdo! E não falo aqui de conteúdo “acadêmico” ou que leia os jornais e saiba tudo de tudo. Refiro-me a pessoas que conseguem te prender seja pela alegria, pelo que sabem, pelo sorriso, pela companhia agradável.

Adoro pessoas que me prendem a elas sem que eu perceba. São laços tão sutis que me fazem ser feliz, dividir o tantinho que eu sei com elas e pegar o máximo que elas têm a me oferecer.

Gosto de conversar, gosto muito. E gosto de absorver cada gota do me é falado, de aproveitar bem a pessoa que está comigo.

Gosto das pessoas reais. Aquelas que assim como eu ficam feias na foto 3x4, parecem ser muito mais felizes do que são pela ótica dos vizinhos, que soltam um palavrão quando dão uma topada com o dedinho no pé do sofá...

Gosto das pessoas que assim como eu já se permitiram olhar no espelho bem de pertinho e viram seus defeitinhos e os aceitam, porque lá no fundo todo mundo tem marca de vacina, acorda descabelado, tem preguiça, se atrasa, ri, chora, às vezes conta mentirinha e de vez em quando é gentil quando quer explodir.

O que me chama a atenção nas pessoas e que me faz não perceber que o tempo está passando é o fato de elas serem como eu: terem seu coração angustiado de vez em quando; levantar questões que não sabem a resposta, que sabem que não as terão e mesmo assim buscam encontrar; o que acho bonito nas pessoas é como elas podem ser verdadeiras quando ninguém as está olhando ou só quando estão com quem confiam de verdade, se mostram, expõem suas dores, suas mágoas, suas feridas; gosto das pessoas que se indignam com o rumo que o mundo está tomando e que tenta mudar isso; gosto de quem em chama pra tomar sorvete só como desculpa pra me ver; gosto de quem vai ao museu ou ao parque porque gosta de dar espiadelas no passado; gosto de quem anda de trem e se aperta, mas não perde o bom-humor, de quem sabe que no trabalho é profissional e deixa os probleminhas pendurados na porta, do lado de fora.

Gosto mesmo é de quem sabe ri de coisa séria sem perder a seriedade; de quem canta desafinado e se diverte; de quem não sabe dançar e dança. Essas pessoas se sentem felizes! Se esforçam para isso e conseguem! Gosto de quem flerta com a tristeza, mas não casa com ela.

Gosto de quem não segue o protocolo sempre, sabe inovar, surpreender e ser maravilhoso em coisas simples...

Acho que conheço algumas boas pessoas dessas...

Conheço algumas entediantes, é verdade, mas as que são interessantes valem tanto a pena que as chamo de AMIGOS...

Como diz a máxima: “eu prefiro perder meu tempo com os amigos do que meus amigos com o tempo”...  pessoas interessantes existem e fazem um bem danado perder uma noite de sono, uma tarde num café ou vários dias de nossas vidas ao lado delas. Só temos a ganhar!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ausência




É quando o tempo fica assim

Meio frio

Meio úmido

Meio triste

Que percebo mais a sua ausência

Nos dias bonitos eu ainda me distraio

Vejo flores

Vejo rios

Vejo amores

E fecho os olhos pensando em você

Imaginar que pode chegar

A qualquer momento me faz bem

Sempre acho que vai abrir a porta

Que vai me trazer seu sorriso

E, nas noites quentes, durmo pensando nisso

.

É quando o vento entra sem pedir licença

Quando ele sacode minha cortina,

Quando causa arrepio na pele

Que sinto a sua ausência

Sem seu abraço,

Sem seu calor,

Sem seu carinho.

A cama parece dobrar de tamanho

O colchão parece de gelo

Mas o que mais me faz falta

É a sua companhia

Alegria dos meus dias.

É quando me vejo assim tão triste

Tão sozinha

Tão irreconhecível no espelho

Que sinto mais forte

A sua ausência.

Vento no Varal




O vento deu na roupa do varal

– Corre, Maria! É sinal de temporal!

A criança que brincava com a pipa ria

E no céu as nuvens encobriam o dia.

O ventou correu divertido pelas ruas

Brincalhão levantou o vestido da moça

Derrubou os papeis da mesa do escritório

Sacudiu a cortina da sala.

No jardim jogou pétalas sobre a sonhadora

Que pensou ser uma chuva de amor.

Na praia, arrepiou as ondas,

Que raivosas quebravam na areia.

Pela praça arrastou o jornal velho

Jogou cisco no olho do desavisado

Empurrou as nuvens de chuva

E anunciou que ia cair água

O vento deu na roupa do varal

Embaraçou todo o lençol

Jogou no chão os tecidos leves

Fez festa com as peças pequenas

Como se fossem bandeirinhas de São João.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Engano




Deixa voar,

O que é seu volta...

Deixa sem correntes,

O que é seu fica...



E se não voltar?

E se não ficar?

Ah, se não o fizerem é porque não o desejaram...

É porque não foram cativados...



Alguém estava errado.

Ou não era pra ser

Ou nós é que não entendemos o recado.



Às vezes, criança, a gente acha que ama.

Às vezes, a gente pensa que é amado

E algumas vezes, ah... o coração se engana.

Despedida




Não ia escrever sobre isso... na verdade eu não gosto nada de escrever sobre esse tema. É que me faz chorar. Muito. Repetidas vezes.

O que me fez pegar na caneta e escrever foi o aperto no coração que tive hoje à tarde. Um aperto tão grande que fez a dor vazar pelos olhos e mais uma vez chorei.

Chorei ali dentro do táxi, com um motorista que nunca vi na vida e que provavelmente nunca mais verei. Chorei deixando pra trás minha casa e dentro dela minha família e com ela o maior dos amores: um que veio de bem dentro de mim, que foi crescendo, crescendo até não caber mais e sair pelo parto.

Penso agora se há algum amor que seja maior... se existe um meio de descrever como é esse amor... se há explicação para todas as loucuras que sou capaz de fazer por ele. Acho que a resposta para todas essas questões é uma só: NÃO.

Tem muita gente que acha que foi fácil deixar tudo para trás, deixar a cidade natal, os amigos, a família. Não, não foi fácil. Mas há algo mais difícil, mais lentamente doloroso e que corroi: deixar o filho.

“Ah, é pertinho!”, “Duas horinhas de viagem e está perto dele!” é... muito perto, mas vão vocês passar por uma das minhas “primeiras noites” depois da despedida. Quero ver quem é que agüenta ver os olhinhos verdes tão vivos, tão espertos olharem fixamente com o pedido de “não vá embora” bem estampado em alto relevo e só dar um beijo, um abraço e partir...

É por isso que eu choro... porque sempre gostei dos olhos de ressaca de Capitu, pela força, pelo envolvimento que tinham e meu filho os possui: verdes, envolventes, espertos e rasos quando desconfia que estou de partida.

Chorei hoje à tarde quando parti.

Chorei hoje à tarde enquanto escrevia.

Choro agora que releio e digito.

Vou chorar quando reler em alguns dias, meses ou anos...

Vou chorar na próxima despedida e em todas as outras, mesmo sabendo que é só um “até breve”, porque não sei ficar longe daqueles que amo... porque não sei ficar longe do amor que me extrapolou e precisou sair entre risos, suor e lágrimas.



“Mas quem ficou, no pensamento voou

Com seu canto que o outro lembrou

E quem voou, no pensamento ficou

Com a lembrança que o outro cantou”



31 de janeiro 2012.