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quarta-feira, 29 de abril de 2020

Ancestralidade





No início éramos luzes inquietas, brilhantes,
Adoradas, sábias, contagiantes, ouvidas.
De nossos ventres paríamos o mundo,
Nosso fogo queimava o mal,
Mas, incomodava.
E, então, nos calaram.
Em masmorras, em forcas,
Em afazeres domésticos.
Rasgaram nossas vestes,
Incendiaram-nos e fizeram-nos cinzas.
Fomos parte da fogueira,
Mas, recolhidas as brasas,
a alma ainda pulsava.
E de bruxas a caminhantes,
Ganhamos as estradas, as ruas,
As mãos do destino
E reacendemos a chama da vida
Acolhendo-a no peito
Até que exploda.
Até que sejamos liberdade.
Até que sejamos, de novo, só amor.

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