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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Habitação





Habita em mim uma deusa,
Um sonho, seu som ancestral.
Habita em mim uma força,
Um lamento, um grito silencioso.
Habitam em mim gestos coloridos,
Traduções de meu eu em movimento.
Não sou mais que um eco rouco.
Não sou mais que a prece fervorosa.
Não sou mais que o milagre da vida,
Sua necessidade, seu colo,
Seu respiro, seu alimento.
Sou a fértil margem do rio,
O calor do sol e a força da lua.
Sou o que lhe cabe nas mãos e escapa:
Sou o tempo dançando na imensidão.
Não me descobri no mundo...
Foi o tempo que se encarregou de me encaixar.
Lugar nenhum me cabia,
Mas o ritmo, a dança, me cadenciam
Sou levezas, um pouco de cada deusa,
Transformo-me em sutil poesia.
Ganho asas, pássaro sagrado, 
Pousado nas margens do passado,
Dançando no meu mundo-presente
Sou, antes de tudo, faísca.
Sou parte da criação divina.
Danço o som do universo.
Habitamos o mesmo ritmo.

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