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segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Concreto e pó



Então, eu posso não ser a luz que você imaginou. Posso ser apenas uma miragem, uma alucinação, uma invenção junto a suas imperfeições (e às minhas).
Então, se eu tiver aprendido a mentir ou se estiver errada, meu caminho o levará para a minha escuridão e você pode se perder lá, pode não saber se encontrar.
Não há tijolos dourados no caminho. Há curvas. Há pedras. Há as minhas pegadas, as sombras das minhas vontades, o vale dos ecos do que já quis e fui. Há espelhos quebrados pelo chão. Há minhas palavras ao vento, como os sons dos poetas, um pouco longe de ser o canto da sereia, mas capaz de envolver almas distraídas.
Mas, se eu puder pousar e descansar, que seja essa noite, nessa cama, nessa companhia, fuga minha para o reencontro meu. Se eu puder escolher os braços que me envolverão, que eles sejam atrelados ao nome seu. E, por limitadas horas, não pensarei nos caminhos da fuga, mas no bem estar de ficar.
Eu sei, pareço perdida, mas já me encontrei. Pareço caderno em branco, mas sou livro antigo, marcado por histórias e fins e recomeços e tropeços e cheiro de jasmim.

E eu não sei se estou certa ou errada. Eu não sei se essa luz que enxerga é minha, porque desse lado do espelho eu sou comum e, do outro lado, sou ilusão. As duas faces da mesma pessoa: concreto e pó.

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