Visitas da Dy

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Sacrossanto






Eis que sou um templo.
Eis que carrego o todo.         
O tudo está em mim:
As vozes ancestrais me ecoam.
Meus ouvidos são como conchas
E recolhem aquelas preces longínquas.
Sinto o tempo correr por minhas veias.
O crescimento é inevitável, expandir é vital.
Eis que sou o nada:
Apenas emano o que recebo,
Como o espelho fiel.
Eis que sou um lugar sagrado:
O corpo que aceita o seu como ele é.
O corpo que se entrega ao seu como ele bem quer.
Eis que sou o solo no qual seu pilar se ergue,
Base sólida de seu altar.
Imola-me à meia-noite,
Adentra meu ser ao meio-dia,
Joga-me à brasa a toda e qualquer hora,
E resisto ao tempo:
Sou templo, lugar sagrado,
Colo em que deita e permanece,
Sou o ser sagrado que te alivia:
Absorvo suas dores e as converto em minhas.
Sou a delicada fúria da beleza,
Indomável sereia que canta
E lhe afoga em carícias e sussurros.


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