Eis que sou um templo.
Eis que
carrego o todo.
O tudo está em mim:
As vozes ancestrais me ecoam.
Meus ouvidos são como conchas
E recolhem aquelas preces
longínquas.
Sinto o tempo correr por minhas
veias.
O crescimento é inevitável,
expandir é vital.
Eis que sou o nada:
Apenas emano o que recebo,
Como o espelho fiel.
Eis que sou um lugar sagrado:
O corpo que aceita o seu como
ele é.
O corpo que se entrega ao seu
como ele bem quer.
Eis que sou o solo no qual seu
pilar se ergue,
Base sólida de seu altar.
Imola-me à meia-noite,
Adentra meu ser ao meio-dia,
Joga-me à brasa a toda e qualquer
hora,
E resisto ao tempo:
Sou templo, lugar sagrado,
Colo em que deita e permanece,
Sou o ser sagrado que te
alivia:
Absorvo suas dores e as
converto em minhas.
Sou a delicada fúria da beleza,
Indomável sereia que canta
E lhe afoga em carícias e
sussurros.
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