Era um amor
(quase) igual a todos os outros. Desses que se pretendem infinitos. Que sonham
com surpresas nas datas especiais, com valsas e vinhos.
Era um amor
sonhado pra ser bem mais que bonito, beirando o absurdo da beleza, com toques
sinceros de compreensão e de companheirismo, desses que mais parecem roteiros
de filmes.
Era um amor
esperado por tanto tempo que mais parecia uma vida inteira. E, à iminência de
ser concretizado, tremeu o chão e fez-se, aos poucos, ruínas.
Era um amor
digno de diário de menina, enfeites e poemas, mas foi perdendo aos poucos a
rima, a métrica, a cadência que era preciso para existir, crescer, manter-se
forte.
Era um amor
para se apostar. Para jogar até a última ficha, sem maiores medos, na certeza
de que perder-se era, sem dúvida, encontrar-se no outro. E isso trazia ares de
felicidade.
Era um amor
pra ter sido entre duas pessoas. Dessas que sabem bem onde tudo vai dar, onde
os caminhos se cruzam e as histórias passam a ser apenas uma e os planos passam
a ser divididos.
Era um amor
que não quis vingar, como planta que recebe apenas água e enfraquece ou se
cansa de viver e salta rumo ao chão, esquecendo-se de lançar sementes ou de
brotar.
Era um amor
que padeceu mínguas de atenção. Que tentou bravamente viver de gotas de afetos,
mas cuja fome era maior do que apenas de ilusão e a boca não se enchia mais nem
de admiração, nem de esperança.
Era um amor
que mirrou. Que de queda fez-se em cacos, que dos cacos abriu-se em cortes e
entre os (im)pulsos que lhe davam vida, afogou-se nas ausências e nas dores.
Era um amor
que agonizou e encontrou sobrevida em versos. Que perdeu a cor, que tornou-se
opaco e que, dos olhos apaixonados, fez verter lágrimas de desistência.
Era um amor
que poderia ter acontecido, mas como alguns amores já conhecidos, são mais
belos em formas de histórias, poemas, lembranças.
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