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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Além da Curva





O que me espera atrás daquela curva? Quisera eu saber!
Por enquanto basta-me saber que tenho pernas e pés para construir o caminho.
Por ora tenho olhos atentos para a paisagem e ouvidos abertos para toda canção que o vento me sussurra.
E, depois de ter caminhado tantos desertos – os que me atravessam, os que invento e os que me foram destinados – tenho desejos de que ali, em algum lugar, haja um poço de água fresca. Ou um poço de sonhos: os que já realizei, meus alentos, e os que ainda acalento, minhas esperanças.
É possível que, virando aquela curva, encontre alguma sombra de frescor ou de medo. Esse medo que antecede o passo a ser dado. Esse medo que tempera o desconhecido e que ao mesmo tempo que parece freio é acelerador. Esse medo que precisa ser vencido e transformado em ação. E é aqui que me emprenho: no próximo passo.
E se há o próximo passo, haverá a próxima dúvida, a próxima pergunta e as próximas noites insones, a vagar pelas ideias e labirintos que eu mesma crio e que aumentam a distância entre meus pés e a curva que me espera. Haverá um atraso no caminho. Haverá um desvio, um atalho, uma pedra. Haverá a quase desistência. O conforto pelo lugar conhecido. O sossego de não ter que me mexer.
Mas há a curva e seus segredos. Há um mundo a ser descoberto e os passos que construirão o caminho e por mais bonita que seja a paisagem que componho, pintá-la ali atrás do que não vejo ainda há de ser a motivação maior. E sigo.
Experimento as ansiedades da curva à minha espera, mas não posso desviar o olhar do caminho que percorro. E aprendo, com esses detalhes, que a imersão é o melhor caminho. E não sou mais caminhante, mas parte integrante do que vejo, vivo e anseio.
Sou tanto o caminho que faço quanto a curva que me espera. Viver as paisagens é senti-las. É descrevê-las. É registrá-las em mim, assim como ela me registra, sob forma de pegadas, em cada passo da estrada.
Sou o todo em fragmentos. Sou junções. Sou verbo. Sou ações. Sou paragens e andanças. E o sol que me ilumina, cede espaço para a lua que me nina. Sou raios de sol e escondo-me nas horas das madrugadas. Sou riatura que cria o caminho e a curva.
O que me espera depois da curva, são os frutos que eu semeei no caminho e recebê-los justamente é sinônimo da sabedoria que adquiri passo a passo. Vida a vida. Dia e noite nesses ponteiros de flores do relógio que o tempo (dês)governa.

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