Ameninou-se em
plena flor da idade. De repente, era menina de pés descalços andando pelo
jardim e prestes a fazer uma descoberta. E fez... Colheu a flor-sorriso que lhe
foi dada naquele fim de primavera.
Era, na
verdade, o fim de duas primaveras: a sua mesma e a daquela porção de terra
entre os trópicos.
Fincava de vez
o pé na adultice, raízes necessária (?), naquele mundo cercado por filas e
bancos e contas a pagar e relógios desesperados pelo tempo a passar. E já não
tinha esperança alguma de remoçar, embora fosse muito jovem. Conservava uma alma
antiga. De muitos séculos passados, talvez.
Fincava o pé
no tempo e no espaço que queria, que acreditava que seria o melhor, mais maduro
e saboroso como fruta no pé.
Fixava-se ao
chão, abandonando o mundo da lua, as poeiras de astros que colecionava e os
sonhos (de princesa) que pareciam simples e bobos.
A adultice
exige abandonos que nem sempre gostaríamos de fazer, mas quase sem opções, ela
os fez.
Tentava não
pensar em nada que não fosse prático e funcional. Era adulta. Muito mais que
antes, até. Mas quis o destino, com seus atalhos e desvios, ensinar que os
planos são como aviões de papel, sem rota, e, por capricho, ao fim do dia, o
sagrado momento do inesperado diante dos olhos aconteceu.
Ameninou-se!
Diante do
sorriso nunca visto senão em sonhos, ela teve as pernas encolhidas, as certezas
diminuídas e voltou a morar na lua, rodopiando na ponta dos pés.
Ameninou-se e
voltou a girar com o vento, a gostar das andanças sem rumo, a ser leve. Ameninou-se
como se jamais tivera passado para o mundo dos adultos e deixado sua criança
interior dormir. Ameninou-se e voltou a ter seu riso de menina, os olhos
brilhantes.
Creu em
promessas, escreveu histórias. Amou inocentemente. Era, de novo, menina. A partir
daquele momento nunca mais voltaria a ser gente grande. Quando se amenina, não
há volta. É Terra do Nunca para sempre!
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