Visitas da Dy

domingo, 1 de março de 2015

Quando o Tempo Parou





Tenho a sensação de estar imersa no nada. Como se o tempo tivesse parado. Es-tan-que. Como se eu não pudesse me mexer. Só os olhos reviram nas órbitas. E fazem o traçado mágico do infinito. Ou do que escolhemos para representar o infinito.
O tempo sentou-se no ponteiro do relógio. Descansou. Todos os infinitos, nesse momento, foram tangíveis e destrutíveis. Extremamente sensíveis ao toque ou ao sopro.
Assombro!
Faria, se pudesse, cacos de muitas histórias. Conseguiria me poupar? (Ou lhe poupar? Se tivesse menos cicatrizes, menos dores, eu teria outras cores aos seus olhos?)
No ínfimo segundo em que o relógio parou, todo o tempo coube nele. E eu não coube em mim. E você não coube só em meu pensando e escorreu ladeira abaixo em meu rosto, rumo ao Vale Encantado de meu sorriso. Queda livre que tentei, em vão, evitar.
O tempo congelou. Cessou a respiração. Olhou-se no espelho. Fez estilhaços de tudo o que eu queria. Segurou o coração na mão. Apertou e tirou uma gota de sangue. Suspirou. Invejou os amantes. E se vingou voltando a correr.
Não me sinto mais imersa em nada. Sinto. Sinto muito. E isso, para quem já viu o tempo parar, é dádiva.

É vida.

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