Tenho a
sensação de estar imersa no nada. Como se o tempo tivesse parado. Es-tan-que.
Como se eu não pudesse me mexer. Só os olhos reviram nas órbitas. E fazem o
traçado mágico do infinito. Ou do que escolhemos para representar o infinito.
O tempo
sentou-se no ponteiro do relógio. Descansou. Todos os infinitos, nesse momento,
foram tangíveis e destrutíveis. Extremamente sensíveis ao toque ou ao sopro.
Assombro!
Faria, se
pudesse, cacos de muitas histórias. Conseguiria me poupar? (Ou lhe poupar? Se
tivesse menos cicatrizes, menos dores, eu teria outras cores aos seus olhos?)
No ínfimo
segundo em que o relógio parou, todo o tempo coube nele. E eu não coube em mim.
E você não coube só em meu pensando e escorreu ladeira abaixo em meu rosto,
rumo ao Vale Encantado de meu sorriso. Queda livre que tentei, em vão, evitar.
O tempo
congelou. Cessou a respiração. Olhou-se no espelho. Fez estilhaços de tudo o
que eu queria. Segurou o coração na mão. Apertou e tirou uma gota de sangue.
Suspirou. Invejou os amantes. E se vingou voltando a correr.
Não me sinto
mais imersa em nada. Sinto. Sinto muito. E isso, para quem já viu o tempo
parar, é dádiva.
É vida.
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