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segunda-feira, 9 de março de 2015

De A a Z



Eu bem que poderia escrever o alfabeto em uma folha de papel e à frente de cada letra desfilar dois ou três adjetivos que me cabem. Sem pudores. Sem escolher as palavras mais bonitas, só as sinceras. De A a Z eu exporia tudo aquilo que mais gosto e até o que não gosto em mim, afinal, são muitas letras e, igualmente, são as minhas características.
Se na letra a me caberiam os adjetivos de amável e agradável, há de ter um espaço para a “amarguinha”, naqueles raros dias em que acordo nublada. Sim! Logo eu cheia de sóis, nublo de vez em quando. Em dias de feriados na cidade vizinha, por exemplo.
Poderia seguir a lista a fio. Nãome faltam aqui palavras, nem papel, nem caneta. Tampouco falta a disposição. É que agora, pensando em tudo o que escreveria, penso que a exposição seria demais.
Penso nos desapontamentos que causaria ao não listar um tanto de coisas que todos enxergam menos eu.
Não, eu não sou tão boa gente assim. Gosto de sentar sozinha no ônibus, de andar pelas ruas do Centro com o som ligado bem alto, nos fones, e não ser percebida pelos passantes.
Não, eu não tenho vocação para a princesa de cor de rosa que pintaram a minha infância inteira. Eu sou, talvez, uma dessas moças que usam bordô ou violeta, que tem um batom de cor viva, uma andar apressado e uma vontade danada de fazer tudo ao mesmo tempo.
Ah, e não sou simpática a todo custo e nem o quero. Guardo minhas simpatias para quem em convém. Em meu alfabeto não há espaço para muitas regras do politicamente correto a menos que eu queira ser. Caso contrário vou tirar os saltos e andar descalça no asfalto depois da meia-noite. Vou cantar pra lua e gritar nomes de pessoas que nem sei se me querem tão bem quanto as quero.
Vou escrever poemas dedicados a olhos que não os lerão e isso não fará nenhuma diferença. Vou combinar fim de semana com pijama, DVD com cerveja, vou abandonar as redes sociais por 10 minutos e me arrepender de não ter sido por 10 dias e postarei a minha indignação e fraqueza na timeline.
Não, eu não vou seguir os padrões. Eu não me enquadrarei nas formatações que esse ou aquele estabeleceu, até porquê eu não caibo muito bem em nenhuma forma.

Mas que fique claro: eu sei e posso ser o que eu quiser. E posso escrever todas as letras que eu quiser. E usar os adjetivos. E divertir-me com eles. O que não posso é ser refém de uma fixidez que me asfixia. Quero o ar. Respiro.  E que não me peça, por favor, pra fazer o que não quero. 

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