Visitas da Dy

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Menina dos Olhos Castanhos






Os olhos são os céus dos homens.
Por eles as claridades das manhã de domingo
Deixam à mostra nossas alegrias.
Há ainda nuvens leves, chuva de verão,
Que molham nossos sonhos,
Adubam a terra coração
E as pessoas-sementes florescem.
Deve ser coisa dessas gotas de amor...
Há, porém, nuvens densas, cinza-cumbo-derretido
Que fazem cristais despencarem dos olhos.
A linha d'água perde o horizonte,
O Oriente, o rumo, o prumo, o limite do consciente.
Para essas nuvens, os olhos são reféns
De tudo o que se sente e não se pode esconder.
Denunciam nossas agonias, dores e tudo o mais.
Falam até o que não deveriam.
Ah, olhos-céus-castanhos...
Chovem o que eu não gostaria de ver,
Não gostaria de sentir, não gostaria de ser.
Olhos de tempestade em linha d'água...
Olhos de chuva que deveria ser passageira, mas fica
Olhos de teimosia quase encantada.
Olhos que transbordam um inferno e uma paz
Que habitam em mim e não me cabem
Porque sou de uma profundidade rasa nesses olhos.
Eu, que sou menina dos olhos castanhos,
Quase me afogo em água e sal e chuva.

0 Comentários:

Postar um comentário