Visitas da Dy

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Sobre as Saudades Minhas de Cada Dia





Se minha cama é, de fato, um lugar onde as saudades habitam, se é em meu travesseiro que elas me aguardam todas as noites, recostarei apenas para um cochilo hoje. E todos os dias em que eu sentir esse misto de medo, de pequenez, de não-saber, de não-querer-lembrar.
A noite foi feita para pensar. Ou para sentir saudades. O problema é quando essas saudades teimosas crescem tanto que não cabem no curto período de tempo em que me deito e adormeço. Ou ainda, quando elas não me deixam dormir, ou invadem os sonhos, e resolvem fazer barulho no meio do meu dia.
Tem saudade que é grande, muito grande e dolorida. Eu não queria ter esse tipo de saudade. Queria ter só as saudades boas, as que não doem, mas me fazem lembrar da barriga que doeu de tanto rir. Mas eu não controlo as saudades.
Eu não queria que as saudades reinassem nas minhas madrugadas. Muito menos que elas carregassem essa pontinha de medo que tenho sempre que olho para a cama e enxergo meu travesseiro como um berço de saudades.
Mas ela vem. Rainha soberana do meu espaço entre o sono e o adormecer e invade o quarto. Minha saudade chega a ser cruel: tem gosto, cheiro, textura e a vejo bem melhor de olhos fechados, mas se abro meus olhos e toco a penumbra com meus castanhos, ela ali está, deixando-se perceber.
Não há como ela deixar de ser tão luminosa. Não há como eu convertê-la em outra coisa se não em si mesma: a saudade... Esse vão entre o que foi e o que faz falta. Esse oco entre o que eu gostaria e não foi... Esse trem desgovernado que se antecipa nas linhas férreas do meu peito.
Agora sinto saudades antecipadas dos dias que estão por vir e passarão por mim sem que eu lhes dê total atenção. Daqui a pouco virarão saudades. É nesse momento que me darei conta de tê-los vivido? Ou é nesse momento que me darei conta de que poderia ser melhor? Vivo? Existo? Amo e declaro ou só invento cores?
Essas saudades minhas de cada dia e noite mostram-me o quanto ainda questiono. O quanto não sei lidar com as descobertas, com os sentimentos, com a lógica da criação. É uma revelação do meu despreparo para o fim dos dias. É a certeza de que eu gostaria de viver muitos prolongamentos e os vivos: são as minhas saudades!
Talvez as saudades que me levante tantas questões sejam as minhas respostas: se há a saudade, houve o momento. Ou a vontade. Ou o despertar. E, por vezes, tudo o que eu preciso pelas manhãs é isso: despertar, que é muito mais do que só levantar da cama e trocar o pijama. O que preciso é abrir os sentidos e receber todas as sensações!
Que me venham as saudades! Que me vá embora o medo dessa tolices cotidianas e que haja o despertar efetivo, aquele que vai me trazer novas e boas saudades que repousarão tranquilas em meu travesseiro todas as noites!


0 Comentários:

Postar um comentário