Visitas da Dy

sexta-feira, 7 de março de 2014

Águas (de março)


Era março e o céu largava-se em águas
As copas das árvores divertiam-se,
Balançavam-se descomprometidas com as gotas.
As manhãs tinham o cheiro de terra molhada
E a terra acolhia as sementes de meus sonhos.
As tardes úmidas alimentavam as raízes.
As flores das encostas se sacudiam,
Como prontas para serem colhidas.
- Deus não permita que elas sejam desdenhadas!
Não fosse noite, eu estaria lá fora.
De pé, à margem da estrada, eu poderia observar tudo.
Veria o vermelho do barro desejando pegadas firmes,
Desejando recolher os raios do sol,
Desejando unir destinos.
Era março e findava o verão.
Os suspiros inauguravam o outono,
Previam suas noites prateadas,
Os orvalhos cintilantes nas pontas dos dedos,
Os serenos das madrugadas em dó maior
De quem está sol em si e em mim.
Os olhos admiravam as chuvas e imaginavam as neblinas
Tão densas quanto os véus castos dos dosséis.
A pele sentia o vento frio trazido com as chuvas
E se sentia confortável,
Rebrilhando a cada novo lampejar de raios,
Vibrando a cada trovejar,

Desperta, esperando o dia acordar.

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