(Para olhos que choram, toda água é pouca)
Isis chorou pelo seu amado.
O céu chora por nossas dores.
Lava-nos da culpa que derramamos sob nós mesmos
todos os dias.
Em cada curva em que perdemos nossos pés,
Sonhamos passos firmes.
Mas não somos firmes, ao contrário!
Somos vacilantes em diligências noturnas,
Às vezes sombrias, às vezes dementes, às vezes
sinceras.
Sempre seguidas de interrogações.
Carregamos em nosso peito a eterna dúvida: “E
se...?”
Nossos olhos choram. Choram como chora o céu.
Escorrem pelas suas eiras sem beiras,
Como escorreram as muitas das suas águas
Em mim, sua cachoeira.
À beira de sua estrada, paro eu.
Não para a chuva.
À beira de seu caminho, não sigo.
Se atalho, não sinalizo,
Se rota, não acompanho.
O céu se derrama, desfaz-se em água,
Como olhos de quem ama.
Entre estradas e precipícios, o céu não se
contém.
Nenhum amor por si mesmo se contém e extrapola.
E sob esse mesmo céu que se abre e se joga,
Que se chora e se esvazia,
Não é possível que ninguém mais sinta
Que pelos olhos de Ísis, o Nilo se encheu;
Que pelas Minas, a Guanabara se enriqueceu;
Que mesmo a chuva, por amor, um dia cedeu.
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