Visitas da Dy

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sob os céus


Se eu fosse o céu lhe daria o lugar mais alto.
Não pela distância, mas pelo brilho.
Não seria a candeia para os meus pés,
Mas o farol dos meus olhos.
Sob os seus céus eu dormiria a sonhar contigo,
Sôfrego nas margens dos rios de tanto nadar
Pelas bordas dos seus lábios.
Abandonaria-me descuidado de tanto subir e descer
Em desvario suas altitudes repentinas.
Dormiria exausto por correr as praias de seus encantos,
Morto entre as ondas de seus quereres insatisfeitos.
Percorreria todas as suas fases:
Lamentaria o seu minguante
E a encheria, crescentemente até ser toda nova.
Habitaria o seu luar e as suas madrugadas.
Sendo os seus cabelos louros, meu sol,
Eu giraria como louco girassol descompensado,
Mais pelos ventos de suas palavras
Que pelo calor de suas mãos.
Sendo os seus cabelos ruivos, brasa que não se apaga,
Eu me queimaria por amor, pelo amor (de Deus e dos homens!),
Muito mais por suas incandescências espontâneas
Que pelo fogo que aquece o frio da solidão.
Sendo os seus cabelos escuros, noite sem estrelas,
Eu vagaria ermo, silente andarilho de terras distantes,
Mais pela certeza de que lhe encontraria
Do que pelos caminhos já percorridos.
Ah, ventos de meus cais, porto para minhas naus,
Em seus céus seria também as nuvens e as chuvas
E choveria sobre mim que a sorveria gota a gota,
Saciando a minha sede de seus amores,

Livrando-me de sua falta e aplacando as minhas dores.

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