Visitas da Dy

sábado, 10 de agosto de 2013

Tudo Está no Lugar


Algumas horas haviam se passado. Ninguém sabia ao certo quantas. E isso pouco importava, afinal, as lacunas deixadas por elas eram muito maiores a cada minuto que se seguia e a cada lembrança, crescendo no ritmo da respiração ou do bater dos corações.
Havia uma agitação inexplicada dentro de cada um deles. De maneiras diferentes estavam profundamente afetados com o abismo que se abrira, mas seria difícil dizer qual deles iria saber descrever, qual deles se aventuraria a dar o passo no sem rumo que os separava. Agora eram versos escritos em folhas rasgadas.
Não era coisa de um dia só. A folhinha na parede já estava com alguns números riscados, sinalizando a curta-longa-duração daquele vão. Conscientemente sabiam que os dias ainda eram poucos, mas lhe pareciam semanas. Descobriram como o tempo é relativo, dando razão à teoria de Einstein, finalmente simplificada à lógica dos mortais.
Teimavam como crianças. Calavam-se como folhas de papel em branco. Queimavam-se nas geleiras que criaram. Congelavam-se com o ardor de seus quereres expressos nos próprios olhos.
Sabiam que nada era pra sempre. Sabiam que os sorrisos teriam algo faltando. Ficariam mais sérios. O quebra-cabeças ficaria com um buraco. Mas ao mesmo tempo sabiam que tudo estava no lugar que deveria: livros na estante, roupas no varal, cada macaco no seu galho, cada pensamento voando desordenado. Cada dúvida com sua interrogação e cada um com o muito do pouco que lhe havia sobrado.

Algumas horas haviam passado. Muitas estavam por vir. Os corações ainda se doíam. A vida seguia. Um pra lá. Outro pra cá. E agora, em pouco-muito-tempo, tudo está no lugar. Era só questão de arrumação.

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