No meu espelho
mora uma moça
E eu a olho
todos os dias
Às vezes não a
enxergo
Só a vejo.
E sempre me
questiono:
O que tem essa
moça?
Quantas
tristezas moram em seu olhar?
Quantas
alegrias escorrem de seu riso?
Quem é capaz
de lhe arrancar um sorriso,
Fazê-la dançar
pelas nuvens,
Andar nas
pontas dos pés,
Brincar de não
ser ela,
Sair dessa
moldura?
Pra quê ela se
pinta?
Entre
delineadores e batons,
Olhos e bocas
e rostos....
Qual papel ela
interpreta?
Em quantos
cenários ela já viveu?
Será ela
Isolda, Julieta ou Capitu?
Conserva
traços da bela Sibel Vane?
E nesses olhos
cor de outono,
Não haveria
espaço para sonhos de verão?
Viveria ela
num constante inverno
À espera da
aconchegante primavera?
Aquela moça do
espelho queria ser divina
Queria morar
lá no sétimo céu,
Onde os
pecados são todos perdoados
Queria não
andar mais com os pés no chão,
Mas flutuar
entre os ventos frescos dos fins de tarde.
Queria sempre
poder fechar os olhos
E ver estrelas
cadentes
Se jogando do
céu para morarem na terra
Como quem
foge, intrépidas,
De um amor
jurado eterno.
A moça do
espelho queria ser atriz
Ver entrar no
seu palco
Alguém que lhe
preenchesse a vida
Mas seus olhos
são fundos
E nunca se
enchem...
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