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terça-feira, 5 de maio de 2020

Travesseiro




O corpo cansado da lida.
A alma quase cansada da vida.
Um suspiro mais fundo que o oceano
E doce como vinho alentejano.
Despi-me do vestido de estampa florida
E fiquei de minha forma preferida:
Cedendo ao convite baconiano,
Sem compromissos ou planos.
Pele quente e aveludada,
Levemente de vermelho rendada.
Contraste e complemento da lua:
Sou toda minha e empresto-me sua.
E num descompasso rítmico
Rompo a cadência anunciada
Jogo-me na magia de seu beijo alquímico
E declaro-me entregue, captulada:
Queria nessa noite de cansaço
Fazer um travesseiro  em seu braço.

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