Conto o tempo pela lua. Ela já virou desde a última
vez que lhe vi.
Era cheia de brilho, do meu afeto, do seu cheiro,
de minutos de nós, passageiros como a fase da lua, mas nossos.
Agora ela míngua. Definha suas saudades que eu coo
com um café. Filtro de vontades quentes, que me queimam a língua e repetem à
boca: não existem essas miragens minhas.
Fomos roubados pelo Tempo... Há um vau entre nossas
histórias que os pés não cruzam, não se deixam molhar pelo desconhecido.
Nunca estivemos tão empenhados em planos de papel,
sutilmente próximos-distantes,
estranhamente colocados em cenas que não nos cabem, se não, exercendo outros
papéis, mas a presença ainda é uma energia translúcida que me invade, alegra e
não aquece...
Sinto frio. Pouco respiro. Nunca tivemos tanto a
perder: o rumo, o tempo, a chance, o que poderia ser, o raio caindo na terra,
partindo (des)entendimentos, mas evita minhas tempestades (de areia, em copo
d'água, de verão) e desvia seu caminho, seu olhar, adia a-próxima-ção.
Fiz-me estação, espera. Estávamos nós caídos sob
nossos sonhos antigos? Estávamos incontestes
entre sorrisos não dados e vazios na estação à espera de que o medo dissipasse?
Ele não vai passar. Ele é o fixo desafio vital.
Acomodados, aguardamos que tudo nos viesse ao
próprio tempo, lento, como-deveria-ser e nos esquecemos de nós. Esqueci-me de
mim. Estanquei contando luas, como as nuvens que ardem até se precipitarem em
nossos olhos.
Sou a tempestade. A água escorre pelos meus olhos.
Rogo que alivie a seca de meu coração deserto de suas chegadas.
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