Eu vou esperar por você até o último minuto. Até o
momento em que a porta quase se fecha e, de repente, uma mão se atreve pela
fresta e realiza o milagre da esperança.
Vou esperar por você sob essa nuvem densa, prestes
a precipitar porque sei como é o seu rosto em um banho de chuva inesperada e
ainda desejo colher algumas gotas à margem de sua boca.
Ficarei à sua espera de olhos bem fechados porque
não quero perder seus detalhes e porque já era sonho meu antes do tempo começar
a ser contado.
Serei esse mundo envolto em ansiedade e vultos até
que se canse de correr por aí, mantendo essa distância segura de meus lábios e
perceba que sua sede é provocada pela estiagem que me causa.
Talvez, nessa hora de sua consciência vívida, eu
seja o seio de calmarias e a fonte de sua morada, inebriada por minhas
histórias, cheia de meu próprio veneno-antídoto, que chamam amor, que me matou
um pouco a cada dia, mas diante de sua presença me curou.
Não serei mais aquela que espera, mas a que
acompanha: sua lua da sorte, amuleto sagrado, bênção diária de Sol poente.
Serei aquela que deita em sua linha do horizonte
próximo, borda dos olhos, margem de sua cama.
Serei aquela que sempre desejei ser: completamente
minha, mas, por escolha, temporariamente sua. Até que os dias permitam. Até que
meu amor dure.
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