Eu quis cantar
pra você.
Quis recitar
versos ensolarados.
Quis amarrotar
a sua camisa recém-passada,
Ali, na atropelada
manhã, pausando sua correria,
Ressignificando
seu atraso.
Eu quis ser a
pirata que roubava seu tempo,
Que escalava o
seu mastro,
Hasteando-me
sua bandeira.
Quis ser a
tigresa de unhas negras,
De unhas
vermelhas, de unhas afiadas,
A que liberta os
leões,
Canta Caetano
e sonha rocks.
Quis tocar sua
música preferida,
O seu
instrumento afinado (com o meu).
Quis invadir a
sala de jantar,
Colocar-me à
mesa, sobre(a)mesa,
Seu quase-doce
preferido.
Seu pedido de Natal,
promessa de Reveillon,
Sua farra no
carnaval, seu calendário completo,
Mas com dias
desvairados, sem sequencia,
Sem cuidado,
sem data marcada.
Quis amá-lo
breve e intensamente.
Quis ser
passageira em seu corpo-caminho.
Quis ser sua uma
vez e nunca mais.
Quis experimentar.
Quis gostar. Quis dispensar.
Quis até não
pensar.
E eram tantos
quereres...
Eram ocupações
de nascer e morrer das horas.
Eram até
preocupações.
Mas ao cansaço
das imaginações, adormeci.
Ao tempo das
esperas por essa ou aquela vez,
Sucumbi ao “deixar-se
ir”.
Por um tanto
qualquer de um vai e vem,
Ninguém foi,
de fato, até onde podia ir.
Lambi, então,
o frio aço,
Correu o vermelho
quente pela língua.
Retalhei muita
coisa com punhal sagrado:
Inclusive sonhos.
Inclusive amores.
Inclusive desejos.
Inclusive nomes.
Retalhei até o
que poderia lamentar por nós: você.
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