Já na primeira
gota de chuva desabrochei
E talvez já
fosse Gaia, a terra, exalando seu cheiro
Recebendo sementes,
sonhos.
Já no primeiro
dia de outono, desfolhei-me
E deixei voar
sob seus pés meus planos
E cantarolei
as vozes de milhares de anos.
Já no primeiro
ar da manhã
Desenhei o sol
e junto dele castelos
E tudo foi feito
para suas mãos
E a elas
ajustavam-se ecos,
Palavras,
encantos e luas cheias e vazias.
E, outrora, houvesse
silêncio
A partir
daquele momento houve sinfonia.
Guardei seus
sussurros e soluços
Guardei seus
beijos e os meus
Na caixa de
tempo que entalhei
Na caixa do
tempo que contei
Segundo a
segundo
Segundo minhas
vontades
E segundo o
seu tempo
Porque Gaia conheceu
o caos,
E sabe, também,
do tempo
Gêmea do amor,
Flerta com a
noite enquanto dança.
E já não era temporal,
nem de matéria
Era só um
desabrochar como no primeiro dia
De todos os
tempos:
Entrega diante
do abismo
Queda sem
rede.
À espera de
asas,
À espera de
quem a despertou.
E já não sabia
se era Gaia, se era eu, se Hera.
1 Comentários:
A poeta e professora Edylane Eiterer, nas suas costumeiras misturas de sensibilidade, inteligência, sentimentos e bom gosto nas imagens que seleciona para ilustrar a bela sua bela poesia. Tem na alma uma fábrica, de valor inestimável. Parabéns pela belíssima poesia! Aliás, elogios redundantes. Porém, justos e sempre oportunos!
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