Das teimosas fagulhas de fogo
que sou,
Lampejo pelos céus noturnos
Alcançando alturas,
Fugindo das agruras,
Rasgando a noite com meu clarão
Desperta para tudo o que é vontade,
Liberta de tudo o que é vão.
Sou chama acesa pelo leve toque
de seus dedos
Enrolada como em novelos
Pelas linhas que traça
E que fazem de mim margem.
Minhas pernas
são margens de rios
Que contornam
todo um universo
E que guardam outros paralelos
E também cinzas
Que adormecidas, são leves
E levadas pelo vento, a seu bel
prazer
E nem há prazer em ser cinza,
em ser pó.
E há a fúria do que já foi
incandescente
Mas que se encontra dormente
Em quietude quase sagrada
De chama de vela em altar.
Dos brilhos de luz que carrego
Resta rasgar a névoa das dúvidas
Mas ainda é cedo para rasgar os
véus
Ainda é cedo para os olhos
abrirem
Ainda é o tempo do tato,
Da leitura pelo que se sente,
Da leitura do que se vê de
olhos fechados.
O que virá depois, lanterna,
sol, estrela, farol
É mistério indecifrável
É poema ainda não escrito.
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