Visitas da Dy

sábado, 23 de abril de 2016

Gaia





Já na primeira gota de chuva desabrochei
E talvez já fosse Gaia, a terra, exalando seu cheiro
Recebendo sementes, sonhos.
Já no primeiro dia de outono, desfolhei-me
E deixei voar sob seus pés meus planos
E cantarolei as vozes de milhares de anos.
Já no primeiro ar da manhã
Desenhei o sol e junto dele castelos
E tudo foi feito para suas mãos
E a elas ajustavam-se ecos,
Palavras, encantos e luas cheias e vazias.
E, outrora, houvesse silêncio
A partir daquele momento houve sinfonia.
Guardei seus sussurros e soluços
Guardei seus beijos e os meus
Na caixa de tempo que entalhei
Na caixa do tempo que contei
Segundo a segundo
Segundo minhas vontades
E segundo o seu tempo
Porque Gaia conheceu o caos,
E sabe, também, do tempo
Gêmea do amor,
Flerta com a noite enquanto dança.
E já não era temporal, nem de matéria
Era só um desabrochar como no primeiro dia
De todos os tempos:
Entrega diante do abismo
Queda sem rede.
À espera de asas,
À espera de quem a despertou.
E já não sabia se era Gaia, se era eu, se Hera.

1 Comentários:

Isaías Souza disse...

A poeta e professora Edylane Eiterer, nas suas costumeiras misturas de sensibilidade, inteligência, sentimentos e bom gosto nas imagens que seleciona para ilustrar a bela sua bela poesia. Tem na alma uma fábrica, de valor inestimável. Parabéns pela belíssima poesia! Aliás, elogios redundantes. Porém, justos e sempre oportunos!

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