Havia naquela
tarde desejos de bem-querer e de chuvas. As narinas ansiavam pelo cheiro de
terra molhada. Os pés pareciam sedentos de poças d’água cristalinas, de gotas celestiais.
Gostava de
caminhar na chuva, sentir as gotas escorrendo pelo rosto e lavando a vida. Via nas
gotas pequenos pedaços de espelhos que refletiam tantas possibilidades quanto
podia imaginar.
Pensava que
cada gota era, em sua pequenez, uma infinidade de histórias, vidas que se
jogavam, que paravam, que seguiam seu curso, que voltavam ao ponto de partida
de onde vieram.
Encontrava na
chuva a metáfora perfeita para todas as pessoas. Encontrava na chuva um abrigo
que lhe cabia muito bem. Trazia-lhe paz o tilintar das gotas. Embalava-lhe os
sonhos aquele ritmo da chuva.
Gostava da
chuva e, para além de crer que ela lavaria e levaria para longe as dores e as
aflições, ainda gostava da certeza de que ela, a chuva, assim como amolece a
terra e sacia as sementes que a esperam para brotar, amoleceria os corações
duros e faria o amor nascer.
Embalava em
seus dias mais secos o desejo pela chuva, que era um desejo de bem-querer, de
dias melhores, de alívios, de renovo e de esperanças. Embalava sonhos de
brincadeira de criança em ombros adultos que suportavam bem mais do que
gostariam. Enchiam d’água os olhos cansados, vertendo a água que desejavam ver
cair do céu. E sabia que viriam gotas de felicidade.
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