“Um fio invisível
conecta os que estão destinados a conhecer-se. Independentemente do tempo,
lugar ou circunstância. O fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá se
partir.”
Essa sabedoria chinesa
martelou na cabeça dela o dia todo. E ao passar das horas a ouviu mais de uma
vez. Devia estar na moda. Mais uma dessas frases que são repetidas incontáveis
vezes em seus dez minutos de fama.
Não era. Findo o dia,
outros tantos vieram e a frase martelava. Era como se o tal fio vermelho
estivesse embolando-se cada vez mais nela. Havia começado como um novelo entre
seus pés, mas agora já a envolvia até a cabeça, amarrando-lhe os pensamentos.
A água quente do banho
ajudou a lavar os pensamentos. Ajudou a organiza-los, talvez. Pensou onde
estaria o seu fio vermelho. Quem estaria segurando a outra ponta? Seria preciso
um mapa da mina para descobri-lo?
Suspirou. Passou pela
sala. Tomou uma bebida qualquer com gelo. Muito mais pelo prazer de brincar com
cubos em temperaturas mais baixas do que os seus lábios do que para saciar a sede
ou mudar o paladar.
De pronto pensou em uma série
de pontas para o seu fio vermelho, mas nenhuma foi tão desejada quanto uma que,
por acaso, havia se enroscado em seus cabelos vermelhos em um dia desses. Não era
nada especial. Talvez nem tivera sido notada, mas notou e, de leve, sussurrou: Talvez os orientais estejam certos: talvez haja mesmo
um fio vermelho que ligue as pessoas e, com sorte, o seu fio é o fio dos meus
cabelos, tão vermelho, tão próximo de seus dedos...
Mais uma
vez suspirou e desejou que a ponta de seu fio vermelho fosse logo encontrada. Não
por carência, mas porque desejava se sentir amada.
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