E se chego a
lhe negar alguma coisa é porque era necessário. É porque dentro do meu coração
o não era a melhor alternativa.
Sei que bem se
acostumou a só ouvir de meus lábios palavras de concordância, de incentivo e,
em certa medida, até de submissão. Mas não era nada disso. É que em muitos
momentos, olhamos para o mesmo horizonte, com os mesmo sonhos e planos, por
isso o sim era tão constante. Era muito mais uma aposta do que uma promessa.
Agora que uso
novas lentes, ainda olhando para os mesmo lugares, vejo novas histórias, onde o
não é muito mais constante: faço dele uma canção de celebração. Nego tudo
aquilo que me faz mal, que me deixa parecida com as outras pessoas.
Nego a rotina,
o café fraco, a música com notas cansativas e letras repetitivas. Rejeito a
vida morna e essa água com açúcar que servem a todos nós pela manhã para que possamos
carregar um riso amarelo. Abro mão de tudo que torna os meus dias sem cor,
ofuscados pela névoa gris que jorra pelas chaminés das fábricas de personagens
homogêneos que se desejam para a sociedade ideal, sem voz, sem vez, sem
questões.
Nego as
cortinas nas janelas que me impedem de ver o sol ou o brilho das estrelas ou o
breu da noite ou as pessoas que passam. Quero arrancar todas as sedas, todos os
véus. Quero acordar, olhar pela janela e abrir os braços aos dias que chegam e
que são tão belos, por mais que carreguem em si a crueldade, a frieza e o
desespero das atitudes humanas impensadas contra os seus pares. Enxergar a
beleza até no que me indigna é um exercício de libertação, de crescimento, de
vida.
Olhando para a
lista de nãos que distribuo aos quatro ventos, em alto e bom som busco as suas
origens e as encontro em mim mesma, como se não fossem a minha extensão, mas eu
mesma, meu eco em minhas palavras. Eles não surgem de minhas dúvidas. E já não
duvido de onde vem.
Meus nãos
surgiram (e se mantiveram) de lugares que muitas vezes eu evitava entrar nos
porões de meus sentimentos, de meu coração permeado de insegurança e de tremor.
Hoje sei que meus nãos vieram da minha vontade de não ir embora, de não saber
onde colocar a mão, de não querer encerrar um livro, de não ver o dia acabar,
de não ver a lua se esconder atrás da montanha, de não perder o brilho das
estrelas e o lume nos olhos.
Hoje faço dos
meus não um uso quase religioso, quase que como uma prece, recusando-me a ser
mais do mesmo, mas sem saber ao certo me equilibrar nessa corda bamba da vida.
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