Traçamos padrões para os nossos dias e nos desesperamos quando tomamos
outra rota.
Essa incessante busca pelo controle de tudo, de nossas vidas, nossas
ações e sentimentos torna-se doentia. Nos deixa cansados e sem aproveitar o que
há de mais precioso: nossa vida.
Buscamos pessoas que sejam parecidas conosco, para que tenhamos
assuntos, tracemos planos. Chamamos isso de proximidade, afinidade. E a
valorizamos extremamente.
A bailarina sonha com a música perfeita, onde encaixe seus passos ao som
cuidadosamente marcados pela sintonia, pelo ritmo que a conduzirá.
O palhaço busca o riso da plateia. Faz piada e dá cambalhotas. A brincadeira
tem que vir bem montada, entrar no coração do expectador para afastar as
angústias e o fazer rir, momento mágico de entrega e liberdade, onde rir passa
ser não só o melhor remédio, mas a maior necessidade.
A moça da janela sonha com a perfeição. Quer ver chegar pelo caminho seu
príncipe, sem defeitos, sem erros, desenhado dentro de tudo aquilo que ela
própria classifica como o melhor.
Cada um deles, cada um de nós, na verdade, esquece-se que melhor do que
essa afinidade padronizada e encantada que se busca é a surpresa do
descobrimento, de desvendar o novo e fazer com que ele faça parte de nós, de
modo que já não seja só desconhecido, mas parte de nossa essência.
O que vale não é fazer com que os outros se encaixem em nossos perfis
forjados a ferro, a fogo e a nossos gostos. O segredo é fazer com que coisas
diferentes se aproximem, que opostos, realmente se atraiam, que a flexibilidade
e a compreensão sejam as peças fundamentais de nossa existência, facilitando a
nossa convivência e a nossa construção da felicidade.
O importante é a gente saber receber o que o outro tem para nos dar e
nos doar ao máximo, para liberar espaço para nosso próprio crescimento.
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