Às vezes, pego-me sonhando com o desconhecido,
Com aquele que, um dia, há de chegar
Para cavalgar comigo, selvagem,
Um tanto de meus desertos interiores.
Noturna, pego-me às margens de seus olhos,
Escuros como o oceano quando recebe a madrugada,
Convidando-me a mergulhar.
Desconheço o perigo deles.
Desconheço o medo de me jogar.
Sou atraída por essas profundidades.
Pergunto-me se esses olhos existem,
Se me reconhecerão como sua,
Se pousarão sobre meu corpo
(Como se eu fosse uma escultura a se admirar).
Às vezes, busco encontrar em todo canto do mundo,
O senhor de olhos negros e profundos,
como a primeira sombra do tempo.
E tenho desejos de despir-me diante desses olhos
Para encara-los sem pudores,
Nua como a verdade,
Quente como foi a primeira tentação.
Corre em minhas veias a herança de Lilith
E esses olhos negros sobre mim
Lembram-me disso.
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