Visitas da Dy

domingo, 20 de novembro de 2022

A primeira sombra do tempo

 





Às vezes, pego-me sonhando com o desconhecido,

Com aquele que, um dia, há de chegar

Para cavalgar comigo, selvagem, 

Um tanto de meus desertos interiores.

Noturna, pego-me às margens de seus olhos,

Escuros como o oceano quando recebe a madrugada,

Convidando-me a mergulhar.

Desconheço o perigo deles.

Desconheço o medo de me jogar.

Sou atraída por essas profundidades.

Pergunto-me se esses olhos existem,

Se me reconhecerão como sua,

Se pousarão sobre meu corpo 

(Como se eu fosse uma escultura a se admirar).

Às vezes, busco encontrar em todo canto do mundo,

O senhor de olhos negros e profundos, 

como a primeira sombra do tempo.

E tenho desejos de despir-me diante desses olhos

Para encara-los sem pudores,

Nua como a verdade,

Quente como foi a primeira tentação.

Corre em minhas veias a herança de Lilith

E esses olhos negros sobre mim

Lembram-me disso.

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