sexta-feira, 5 de junho de 2020
Khansin
Tens olhos de outono
Como se a estação pudesse,
Por mágica, se resumir
Em um único brilho, única cor.
Tens olhos de outono,
Folhas secas que, voando a qualquer léo,
Pousaram em mim e sequer vi.
Tens olhos de outono,
Mornos como o sol de terça-feira,
Que envolvem-me como Khansin*,
Quente, seco, forte, persistente.
Tens olhos de outono
Que acalmam minhas tempestades
E aquietam meus pensamentos.
Tens olhos de outono
Que me desabrocham, acolhem e domam
Como se me coubesse tal sossego de espírito.
Como se me fosse possível ser mais que eu.
Como se em meu peito se abrisse
Algo maior e mais azul que o céu.
*Khansin - em árabe, vento quente, seco e arenoso que sopra de sul no norte de África.
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