Era uma serpente, cheia de
curvas,
Dona de veneno que entorpece,
deixa a vista turva.
Deslizando sobre a cama,
Mais parecia lenha a alimentar
uma chama.
Ornada com prata e batom,
Realizar desejos era seu dom.
Por entre travesseiros e sonhos
pairava
Ignorando por completo que juízos
desvaira.
E eu quando arrasto correntes,
ela é cada um dos elos,
E se me atrevo poeta, ela está
nos versos mais belos.
Ela é uma serpente e me tira o
ar
É ímã que prende meu olhar.
Sou o alvo no qual a flecha de
seus olhos crava,
Mas não me enxerga, a parva!
Não sabe a força que tem dentro
de si
E repousa ali, mansa, delicada
colibri.
Parece flor em manhã, orvalhada
Parece inocente, assim,
deitada.
Talvez a seja, escultura
branca, serva de Vestal
E seja apenas minha essa versão
do pecado original.
Mas eu beijaria aqueles lábios
vermelhos de maçã madura
E nenhuma pena (de Títio,
Tântalo ou Sísifo) me seria dura,
Pois as dores sumiriam na lembrança
pouca
Do dia em que experimentei
aquela boca.
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