Cuidava da grama como se fosse
uma tecelã
E cada uma das pequenas folhas,
fios de uma alcatifa.
Preparava seu pequeno universo
com carinhos angelicais.
Tinha sonhos de dançar descalça
sobre ela.
Tinha sonhos de esperas e
chegadas
Cujos nortes ainda desconhecia.
Todas as vezes que o sol lhe
acordava,
Sussurrava o nome tão sagrado
quanto o vento,
Mas não sabia sequer qual era,
onde estava, quando chegaria.
Ainda assim, cantava canções ao
amanhecer
Suaves despertares para os
ouvidos prontos a recebê-las.
Ainda assim, cantava canções de
anoitecer,
Ninando as horas cansadas da
jornada.
Como coruja, noturna, tecia
saberes e histórias.
Era espera e olhares pela
janela.
Era espera e casa de jardim.
Era semeadura e desabrochar.
Movimentos de outono e
primavera,
Regando suas mudas e silêncios
com preces e prantos,
Podando suas arestas e dores
com os ciclos da lua.
Era guardiã de ventos e
temperamentos
Era guardiã das noites e suas cantigas
que nunca são vãs
Era aquela que dorme e dá
aconchego.
Era de uma beleza natural,
buquê floral,
Que só tem viço em meio ao
verde,
Que não combina com jarros,
Que não se limita nas paredes
da casa
Porque sabe que seu lugar é o
jardim.
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