(Céu de Juiz de Fora, com a crescente do mês de abril de 2017, gentilmente cedida por Saulo Otoni)
(Para ser lido ao som de Ora, de Ludovico Einaudi)
(Para ser lido ao som de Ora, de Ludovico Einaudi)
Foram semeados
na terra,
Mas sonhavam
altos azuis
De tons tão
diferentes quanto se pudesse imaginar.
Parecia
história de par:
(Ela claridade
lívida, ele um quase mar)
Ela, mais lua
que menina,
Naquela
imensidão imergia.
Doava-se tanto
e completamente
Que o
plenilúnio era pouco, parecia descontente.
Como quem
dança ao som de um piano,
Inquietava os
juízos, rodopiando.
Refletida nas
vitrines-olhos-retinas,
Experimentava
em si o desfazer-se das rotinas.
Brilhava tanto
e fielmente,
Que as
estrelas, invejosas, eram cadentes.
Ele,
melancolias celestes, siderais espaços,
Abria-se para
ela desfilar seus passos.
Aclarava-se de
azuis tranqüilos,
Aplacava
turbilhões quase incontidos.
Eram dele os
limites do mundo.
Cabia a ele
ser largo e profundo.
E, embora
soubesse ser tempestades e trovões,
Rasgava-se
apenas para confessar emoções.
Ele era,
então, inspiração e platéia atenta,
Era firme,
pilar do tempo, mão que sustenta.
Mas sendo ela
a lua que paira
E ele o céu
inquieto que desvaira,
Couberam-lhes
aflições tamanhas
Que não se
evitam nem por barganhas.
Ela, de fases,
sofreu
Ele, de manha,
anoiteceu.
Como se fosse
(im)possível um triste desenlace,
Como se
histórias delineadas se quebrassem,
Fizeram-se
solidões acompanhadas no mesmo tempo-espaço
Ele não
abandonou seus azuis, mas tornou-se frio aço.
Ela não
abandonou sua claridade, mas diminuiu-se.
Ele ainda a
queria (por) bem e perto,
Mas ela não
sabia encontrar o equilíbrio certo.
E quando
insistiam em romper as agonias,
Ela lhe
surgia, bailarina, adiantando o fim do dia.
Ele,
descuidado ou insensato, revirava e revivia o passado
Ela,
descuidada ou insensata, trazia o peito acelerado.
Parecia uma
história de um par..
Da lua-leve-menina-bailarina
e seu céu-azul-palco-mar,
Mas ela, que
sempre era cheia de alegria
Misturava-se a
ele, que a mordia:
Despedaçada,
ainda era a mesma menina-contente,
Mas agora só a
viam como a lua-crescente.
E ele, talvez
de sentimentos parcos,
Não percebia
que a deixava em cacos.
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