*Mabon: celebração celta do
Equinócio de Outono, no Hemisfério Sul
Sopra o vento que embaraça o
cabelo dela,
Envolta na lógica da ventania
Que desrespeita as faíscas que
lhe saltam:
São lampejos de seus
pensamentos.
E ainda assim, desregrada, é
linda!
É um quadro sem margens:
Desconhece os limites
sufocantes.
E ainda assim, ela ousa pousar
nas margens,
Nas minhas bordas, nas minhas
eiras.
Desafia minhas temporalidades,
Questiona minhas identidades.
E se veste como quem nunca está
nem aí.
Como quem nunca está nem aqui,
Como quem ignora as estações.
Mas ela é aquela tarde outonal
iluminada:
É aquele balanço da folha
caindo.
É o passo cadente de onda do
mar.
É cheiro de mato e orvalho pela
manhã.
Ela é a visão que tenho na
noite
(Que é do mesmo tamanho que o
dia):
É o desejo de fogueira de
Mabon!
É a mulher que se despe e se
veste de névoa
É o anúncio das flores caídas,
Das promessas não cumpridas,
Das noites mal dormidas.
Ela é o arranjo das flores
semimortas que ganhou
E o perfume que sozinha exalou.
Ela é colheita e semeadura
E mesmo vestida de lua
Ainda conserva uma armadura:
Não se arrepende das podas
pelas quais passou,
E ainda reflete levezas, mas
não esconde suas dores.
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