Tecia-me sonhos, quase nuvens.
Alimentava-me de sons, canções
no amanhecer.
Fui dançarina coreografando as ventanias.
Ergueu, então, muros:
limitações inesperadas.
Para escalá-los, não tenho
braços.
Para a desistência tendo, mas
teimo.
Como Colombo pari mapas:
A volta pelo mundo é caminhada
longa.
A lentidão dos passos é
reflexão.
Enquanto o sol ferve, sobrevivo
morna.
Não me abandonam as febres,
Não abandono os poemas.
Não ando em círculos, sou de
espirais.
Embora às noites beba minhas
próprias lágrimas,
De dia escondo meus ais.
E, se ao caminho não sucumbir,
Se minhas pernas não ficarem
dormentes,
Abraçarei, sorrateira, suas
costas,
Surpresas noturnas e sinceras.
A verdade é que sou feita de
encantos
E, mesmo agora que me aquieto
num canto,
Mesmo agora que experimento
lonjuras,
Sou vento de novidades e
frescores.
Sou construção de um porvir.
Se me cabe e sabe o tempo,
espero.
E tranço os cabelos como quem trança destinos.
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