Visitas da Dy

segunda-feira, 20 de março de 2017

Cintilante





Ouço o vento e sua variedade de vozes.
São preces que não chegarão aos céus.
São risos que não conhecem curvas
E ecoam como gotas de chuva
Escorregando em folhas de parreiras.
E eu, tenho várias formas de me mostrar
De parecer o que sou, sem ser de fato.
Anseio pela verdade, mas duvido de sua existência.
Assim, a vida é o que está posto:
Pé ante pé, construção, descaminhos, desvarios.
Assim, eu sou o que nunca finda:
Metamorfoses, canções, poesias velozes.
E até onde vou?
Até onde iremos nós?
Irei até onde minha letra toca.
E, se “nós” for mais do que a corda que o pescoço me enrola,
Se “nós” deixar de ser nome,
Se “nós” for além, conjugação,
Seremos sem que haja razão.
Seremos só pelo desafio
E pelas buscas contínuas que aquecem do frio.
Serei eu imersa em sons, palpitação.
Serei eu aquela que mesmo escondida se mostra
Porque sou as transparências dos véus.
Porque despida mostro a alma
E o corpo, vitrine, cintila meus sonhos.

Que são crescentes como a lua madrigal.

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