Lá fora a chuva se demora
O
eco bate nas quinas do nada.
Eu
que já tive ares de fada,
Sou
muito diferente agora.
O
quadro aqui dentro de mim
Desbotou-se,
escorreu nanquim.
Perdi
meu batom, meu rímel, minha rima.
Sobraram
a falta, o espaço e meu retrato de menina.
O
agora converteu-se no depois.
Meu
sorriso não ocupa mais a parede:
Onde
fiz tantas cores, cinza.
E
a chuva lava, mas não cura
A
luz cega e não aquece
E
sou pouco mais daquilo que o espelho reflete:
Sou
traços visíveis e definidos,
Mas
também sou o som mudo que incomoda o vizinho.
Calei
meu bom dia,
Decretei
quarta-feira de cinzas na folia
Encaixotei
meus (uni)versos e parti
Aprendi
que a casa é que habita em mim.
O
concreto é pó amontoado
E
no vendaval, caos.
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