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quarta-feira, 22 de março de 2017

Babilônia



*Annit: deusa babilônica, chefe da lua, substituída por Ishtar

Tive braços que foram seu pouso,
Muralhas de proteção.
Meu colo recebia sua cabeça em descanso.
E todo o mundo cabia dentro do peito
E todo o universo era tocado nos lábios.
Contei muito mais que estrelas
Até que você pegasse no sono.
Adiantei muito mais que horas
Até que voltasse pra casa.
Cantei em muitas outras línguas os meus versos,
Uma Babilônia de encantamentos.
Se toda a cidade coubesse em uma caixa
Meu reino encantado de jardins suspensos
Ainda seria o seu lugar.
E, se eu lhe soubesse joia minha,
Pouparia seus prantos, desencantos,
E colheria meu coração nas mãos
Como flores ofertadas em consolos.
Fossem todos meus os seus olhares,
Andaria com o corpo nu à lua,
Para que me visse, companhia de Annit*,
Sempre por perto, tocável.
Mas nublam-se até os céus mais cintilantes:
Porque agora me doem as noites que amei.
Doem as cadentes estrelas que se jogaram nos enfeitando
Porque estão distantes de seus lugares
Como estamos eu e minhas vontades
E esse movimento de quase cair
Deixa um vazio de assombros.
Esse movimento do cair (em si?)
Deixam opacas as cores e os risos.
Abandonei meus céus

Mas não esqueço de como era voar.

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