Cabe em nós uma porção do fogo
divino
Da chama de vida
Que encanta, impulsiona,
aquece.
Por esse fogo, presente roubado
dos deuses,
Prometeu quebrou as promessas
E acorrentou-se para sempre.
Para manter vivo esse fogo,
Esse pássaro incandescente,
Fazemos do coração ninho.
E já esquecemos de nós mesmos,
Mas não do nome que lhe demos
Na primeira aurora quando o céu
se coloria
Nem o esqueceremos diante do crepúsculo
Que arde em tons laranjas alegres
Antes de morrer em violetas saudades.
O amor, pássaro vermelho, nos
condena:
A ser sua morada ou a amargar
sua partida.
Assim e no mais tudo é demora.
Tudo é espera.
E do tempo já nada sabemos
Porque as luas passam em seu
ritmo próprio
E o relógio nada vale para os céus.
Enquanto voa longe de meu
ninho, espero
E é dos cristais que coleciono
Na borda dos olhos,
Que faço nascer cada um dos
dias
Até que não haja vida
Ou até que me venha e, enfim, seja
a própria vida
Envolta na coroa de flores que
são meus braços
Imersa na
noite despida dos medos
Iluminada pela
fogueira das chamas divinas
Que roubada
dos deuses, nos faz sua (ena)morada.