Visitas da Dy

domingo, 8 de setembro de 2013

Lonjuras


Entre você e eu, o mar
A ponte, o leme, o mapa.
Entre meu coração e o seu,
Dúvidas latitudinais me partem ao meio.
Não separo mais o perto e o longe.
Tornaram-se duas incógnitas:
Estar perto quando longe
E longe quando perto.
Entre você e eu, um mundo de inquietações.
Encolho-me entre minhas reticências,
Dobro todas as exclamações em questões,
Aprendi a gostar das curvas das interrogações.
Por trás de minhas lentes, escondo-me.
Mostro-me em linhas longitudinais:
Desfaço-me em versos lisos, soltos, debruçados no papel.
Estendo-me remotamente pelos dias.
Entre você e eu, miragens.
Rumo em busca de um norte,
Tateando os pontos cardeais
De uma rosa que desabrocha no vento.
Não vejo sequer sombras.
E como se definhasse de sede,
Vejo em você um oásis,
Refúgio para meu peito aberto e cansado.
Entre você e eu, um presente.
Um equilibrista teimoso que nasceu do ontem,
Que é fruto de um passado lácteo, como a Via,
Com suas estrelas e nebulosas
(São todas distâncias férreas, anos-luz)
Somos igualmente distantes entre os que passam
E entre nós que trocamos passos.

Somos ao mesmo tempo contiguidade e solidão.

3 Comentários:

Trigo disse...

A cada segundo uma gota
a cada gota
um pouco mais vazio
a cada vazio
um pouco mais de liberdade
a cada liberdade
nos aproximamos da morte
e no contra-gotas
estará só o vácuo.

Dy Eiterer disse...

Uau, Celso!
Poucas vezes um comentário complementou tão bem um poema meu!
Obrigada, querido!

Trigo disse...

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