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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Escolhas



Para Dante Scola e Alessandra Ferreira

Faço minhas escolhas todos os dias. (In)felizmente vai além do vestido e do sapato e da bolsa. Vai além da fragrância do perfume e da cor do batom.
São escolhas dessas que nos acompanham pelo resto da vida. Que trazem consigo a dúvida das outras tantas possibilidades do que poderia ter sido, mas eu as aceito.
Aceito as minhas escolhas e toda a carga que elas me trazem. Aceito beber das poucas gotas do mel que escorre do canto de seus lábios. Aceito fechar os olhos e me imaginar sorvendo-o direto da fonte. Aceito sem reclamar as migalhas que me sobram, não porque me contento com pouco, mas porque até os cães que se alimentam das migalhas de seus senhores lhes são fieis. E eu, pelas escolhas que fiz, pelas escolhas que faço, escolhi ser fiel, muito mais ao medo do que à coragem, confesso, mas escolhi. E carrego o peso dessa escolha todos os dias. E acho o fardo leve. Principalmente quando ele se reflete no seu riso tão branco, tão limpo, tão sincero, tão próximo e tão meu, mesmo não o sendo tanto quanto eu gostaria.
Eu não posso escolher ser imune aos sofrimentos, ninguém pode. Mas que esses sofrimentos me sejam doces é um esforço que preciso fazer tão certo como respirar. Que o espinho que me crava a alma seja, pelo menos, banhado em sândalo. 

Eu aceito as escolhas e todos os seus doridos frutos. Eu aceito as minhas escolhas e toda sorte de marcas que ela vai me deixar e as exibo com certo orgulho, já que refletem a minha força em seguir adiante. Trago na pele as letras de cada escolha que fiz como se eu mesma fosse uma folha de papel em branco e as letras que me cobrem são escritas pelas minhas próprias mãos, por minha própria vontade, porque fiz delas minhas criaturas. Criei cada vírgula do texto que me recobre a pele. Eu sou as minhas escolhas, assim como as minhas escolhas são partes inexoráveis de minha própria carne.

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