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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Dia a dia




Os cabelos são de fogo,
Os pés são alados:
Ela não passa, incendeia;
Ala não anda, voa:
Sobre as ruas e calçadas,
Correria e agitação.
Passa por nós entre atropelos e suspiros,
Com livros, sacolas e esquecimentos.
O sol ainda não nasceu,
Mas o céu já se iluminou
Para o raiar de um novo dia:
São os sorrisos e os sonhos dela,
Que vão morar na lua todas as manhãs.
Na ponta dos dedos escorrem palavras,
Vazam sentidos, muito sentidos,
Que a voz cala e os dentes prendem na boca.
Sob o sol do meio-dia ela se cansa,
Mas não descansa, se lança:
É só o meio do dia.
Com sorte verá o por do sol,
Espetáculo dourado-alaranjado
Que lhe enche os olhos e a alma
Renova as forças, revigora.
Com sorte se despedirá do sol que viu nascer.
Irá vê-lo deitar-se lá de onde levantou: o mar.
Com sorte ela vai colher brilhantes noturnos
Salpicados no céu que escurece lentamente.
Com sorte vai jogar seus beijos ao vento,
Vai receber abraços da brisa.
Com sono, pouco mais de uma da manhã,
Vê a madrugada entrar.
Ela se prepara pra entrar em seu pijama
– que dentro cabe o mundo –
E vai ressonar, indo à lua dançar
(se encontrar com seus sonhos).
Vai viver, amar, cantar...
Vai ser ela mesma a noite inteira:
Só até o despertador tocar.
E serão três da manhã...

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