Estou farta de semideuses
De regras de beleza, padrões,
Posições. Com-pe-ti-ções.
É que ser mulher não é fácil.
É que ser mulher é um parir-se diário
E, claro, recriar-se, desdobrar-se.
E digo isso para as que nasceram mulheres,
Para as que se tornaram mulheres,
Para os que respeitam e honram as mulheres:
É preciso ser de luta, estar atentas e fortes
Para dobrar as esquinas assombradas de preconceito,
Para trilhar os desafios e as armadilhas.
Estou farta de armaduras e de matar um leão por dia
Sozinha. Julgada. Rotulada.
Estou farta de ser calada,
Marginalizada, assediada.
Estou farta da violência
Que já parece tão fascinante
Em dias de feira, normais.
Estou farta de ser podada
E decidi revidar da forma mais visceral
Da forma mais genuína e forte que posso:
Vou resistir pelo amor e pela arte
Num convite sincero e aberto:
Sororidade.
Precisamos de união, de compaixão.
Precisamos enxergar que somos mulheres:
Centelhas divinas da criação
Mãos escritoras de histórias
A delicadeza e a força da vida.
Somos irmãs.
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