Dentro de mim é noite
(E você faz morada).
É que o imagino noturno,
Escuro, pouca voz, muita imensidão.
Há também uma mansidão selvagem
De fera que caça, mas se entrega
E eis que ouço o mar
(Mesmo habitando montanhas).
É que o imagino profundo,
Salgado, pouca calmaria, muita intensidade.
Há aqui fora uma noite
E ela é maior que a minha
E as duas se encaram
E desistem da luta: coexistem
Porque sabem que também sou noite
E eu as pertenço e as engulo
E as aceito e reinvento
É que me imagino sua
E embora seus olhos sejam sois,
É nas noites que cabemos mais.
0 Comentários:
Postar um comentário