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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Noturna I


 


Noturna mulher de olhos escuros,

Que brilho a lua  cede a ti?

Eis que pareces mais triste do que és,

Mais desolada do que podes.

Não bebas tanto dessas mágoas:

Não são tuas nem te cabem bem.

Mulher que chora pelo capricho não concedido,

Pelo simples mal entendido.

Se o é, não sei. Mas, por quê choras?

Se não reconheces a estrada 

Há de ter pés sempre perdidos.

Mas sei bem por onde passas.

Sei bem teus esconderijos:

És aquela do vestido florido,

Do rosto enfeitado de sorrisos

E, ainda assim, não se vês amada.

Ah, mulher de outonos castanhos,

Recebe em ti a primavera.

Abandona teus vislumbres e quimeras

E repares bem no que (não) digo:

Tens um universo inteiro

Às margens de teu umbigo.

O sagrado ventre da vida.

Celebra-te a ti mesma.

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