Noturna mulher de olhos escuros,
Que brilho a lua cede a ti?
Eis que pareces mais triste do que és,
Mais desolada do que podes.
Não bebas tanto dessas mágoas:
Não são tuas nem te cabem bem.
Mulher que chora pelo capricho não concedido,
Pelo simples mal entendido.
Se o é, não sei. Mas, por quê choras?
Se não reconheces a estrada
Há de ter pés sempre perdidos.
Mas sei bem por onde passas.
Sei bem teus esconderijos:
És aquela do vestido florido,
Do rosto enfeitado de sorrisos
E, ainda assim, não se vês amada.
Ah, mulher de outonos castanhos,
Recebe em ti a primavera.
Abandona teus vislumbres e quimeras
E repares bem no que (não) digo:
Tens um universo inteiro
Às margens de teu umbigo.
O sagrado ventre da vida.
Celebra-te a ti mesma.
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