Visitas da Dy

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Semeadura na Crescente



Marca o céu negro
Como se fosse um sorriso.
Como meus dentes brancos
Mordendo uma carne preta:
Contrastes e saciedades,
Cada um da maneira como pode.
E é tudo silencioso
Como essa crescente 
E como tudo o que cresce,
Sem alardes, sem pressa,
Só aumentando.
Gastando as palavras que eram poucas
E que se expandem com os dias,
Como se expande meu peito
Quando respira o seu cheiro.
Palavras poucas e setas
No alvo desesperado que é meu coração
Que repica ao som de sua voz
Que estremece ao toque sutil
Das pontas que me reserva:
Dos dedos, da língua, do Arpoador.
E arrasto madrugadas e horas
À espera do algoz e salvador
De quem vai ao mesmo tempo
Ser luz dos olhos
E ofuscar sentidos.
E eu preciso que venha.
E eu preciso que chegue logo
Validando o jogo de cartas da semana passada,
Dando razão ao oráculo,
Suplantando minha pouca fé
Matando-me vontades,
Semeando-me desejos.



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