Onde estão os beijos? Ficaram tão desbotados desde
a última vez...
Eu me lembro do vivo do batom vermelho, marcando
sua pele, morrendo nos lábios, saciando vontades, uma sede que vinha de longe.
Eu me lembro do gosto das palavras impressas no meu
corpo pelo seu corpo. Da leitura em braile feita pela ponta da língua, de onde
suas palavras moravam e, ao conhecer meu corpo, lhe abandonaram, adotando meu
seio como morada.
Eu me lembro de ser pouco mais que raios ou sóis,
lampejos nos seus olhos breus. Rebrilhavam cores. E eu me desfazia com os
beijos, como um suspiro no céu da boca.
Eu me lembro de estar perdida entre o céu e a
terra, de ser algo como a água, queda livre, tempestades, pouca paz, muito
querer. Mas passou.
Pousou um mim o lânguido esquecimento, secou-se a
alegria de recebê-lo em meu ventre...
E onde estão os beijos que choviam gratuitos?
Guardados em poças mudas? No canto de sua boca que não sorri ou estacionaram em
guarda-chuvas que me cobrem e impedem que eu me banhe de amor?
Onde estão os beijos? Ainda estou perdida a
procurá-los. Ainda tenho batom vermelho e o desejo de usá-lo.
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