Vagas, sem lumes, as horas passam.
Não dizem nada as horas, os passos.
Corri a noite.
Dedilhei os minutos
(Queria seu corpo).
Bebi soluços
(Queria seus fluidos)
E o tempo me correu.
Entre outras coisas,
Sua lembrança me ocorreu
E voltei para a dança das horas:
Vagas, vãs, frias irmãs
Longe de alívios
Perto de pensamentos sombrios.
Padeci de solidões, versos e canções
Arrastei meus lençóis, seus cheiros, anzóis
Como peixe, morri pela boca:
Coube o beijo e o gesto
Para
tudo o mais, sóis.
E a dança das horas findou:
Foi-se a noite, raiou o dia
Entre outras coisas,
Restou-me insone, alma quase vazia.
Restou-me um fio de claridade:
A dança das horas não perde o passo do
tic-tac.
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