Salva-me da
agonia desse dia, como se fosse o antídoto necessário.
Salva-me da
jornada que pareceu mais pesada que eu poderia suportar, porque para todos os
lados que pude olhar, eu era só uma vitrine, exposta, vidraça transparente,
porém distorcida pelos olhos que me observavam.
Salva-me
porque Dante não me soube reservar lugar e vago por muito mais que nove
círculos infinitos, labirintos incansáveis.
Salva-me
porque toda palavra tem seu tempo, mas não sei esperar e os ouvidos tampouco
recebem minhas preces banais, quem dirá meus ais.
Salva-me com
suas mãos ou por elas, que já me enlaçaram, já me contornaram e é por elas que
pensei ter visto começos tantos, sem fins anunciados.
Salva-me pelo
tato sagrado que prevê acalantos de finais desfocados, que garantem o fim dos
desenganos ensolarados e dos cansaços diários que só pouso e aconchego acalmariam.
Salva-me de
mim e dos dias ruins que eu mesma traço ou invento. Daquelas promessas vãs que
eu juro ter ouvido com fé e não quis ver desfeitas.
Salva-me das
horas que conto a espera de nada, pelo nada e me conte uma história que seja
sua. Real ou inventada. Apenas salva-me pela palavra, bênção maior da alma
atarantada, maldição eterna das bocas que só se sabem caladas.
Salva-me como
quem dá o beijo final na noite escura e rasga o céu com cintilantes emoções
multicores.
Salva-me do
breu e deixa, nesse instante, meu corpo repousar sobre o seu.
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