Visitas da Dy

sábado, 13 de maio de 2017

Para os dias ruins



Salva-me da agonia desse dia, como se fosse o antídoto necessário.
Salva-me da jornada que pareceu mais pesada que eu poderia suportar, porque para todos os lados que pude olhar, eu era só uma vitrine, exposta, vidraça transparente, porém distorcida pelos olhos que me observavam.
Salva-me porque Dante não me soube reservar lugar e vago por muito mais que nove círculos infinitos, labirintos incansáveis.
Salva-me porque toda palavra tem seu tempo, mas não sei esperar e os ouvidos tampouco recebem minhas preces banais, quem dirá meus ais.
Salva-me com suas mãos ou por elas, que já me enlaçaram, já me contornaram e é por elas que pensei ter visto começos tantos, sem fins anunciados.
Salva-me pelo tato sagrado que prevê acalantos de finais desfocados, que garantem o fim dos desenganos ensolarados e dos cansaços diários que só pouso e aconchego acalmariam.
Salva-me de mim e dos dias ruins que eu mesma traço ou invento. Daquelas promessas vãs que eu juro ter ouvido com fé e não quis ver desfeitas.
Salva-me das horas que conto a espera de nada, pelo nada e me conte uma história que seja sua. Real ou inventada. Apenas salva-me pela palavra, bênção maior da alma atarantada, maldição eterna das bocas que só se sabem caladas.
Salva-me como quem dá o beijo final na noite escura e rasga o céu com cintilantes emoções multicores.

Salva-me do breu e deixa, nesse instante, meu corpo repousar sobre o seu.

0 Comentários:

Postar um comentário