Não há por estas vielas
Nenhum encanto, nenhuma beleza,
A não ser que eu olhe pelas janelas
E encontre algum traço de singeleza.
No caminho que faço pelos becos escuros,
Pouca coisa me chama a atenção,
Mas gosto dos rabiscos nos muros
Sejam de xingamento, verso ou um coração.
No saguão desse hotel vejo os passantes
Gente que vai e vem sem destino.
E desejo fazer algo que seja marcante,
Que ecoe pelos tempos como um sino.
Do tamanho de minhas dores, pouca coisa me cabe.
Um poema seria um deleite, um mel.
E que passa aqui dentro só a minha palavra é que sabe.
Traduzir-me para mundo, um menestrel.
Tarefa que assumo com cuidado.
Como quem pinta seu autorretrato,
Mas não quero parecer um malfadado.
Revelarei-me, então, como verso abstrato.
Que me entenda quem quiser.
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